Com o intuito de dar um vislumbre de como as mulheres podem servir na igreja, Glória Furman e Kathleen Nielson escrevem o livro “Ministério de Mulheres”. O livro trata da necessidade das mulheres de aprenderem sobre a glória de Deus e quem Ele é, em se dedicar a aprender e ensinar a outras mulheres o que aprendeu, obedecendo a ordem do Mestre em fazer discípulos, começando com a dedicação e disciplina em conhecer o conteúdo da Palavra, a teologia, e dá exemplos sobre como colocá-la em prática. As autoras deixam claro como as mulheres podem servir nos diversos ministérios, desenvolvendo seus dons tanto na igreja como no seu dia a dia, em seu lar, vizinhança e trabalho. Elas dão um destaque significativo sobre a necessidade primária do conhecimento bíblico, anterior a qualquer outra necessidade: “O ministério de Mulheres deve ser, antes de tudo, fundamentado na Palavra. Não devemos começar com as necessidades das mulheres- embora devamos chegar a essas necessidades.”[1]
Em primeira instância, o que mais importa no trabalho realizado com elas e por elas é se está sendo feito com os motivos corretos e com conteúdo voltado para honrar e glorificar a Deus. Como foi visto anteriormente, as funções exercidas pelas mulheres na bíblia eram um serviço de valor. Hoje em dia, muitas vezes, a mulher não encontra um espaço para servir, por diversos motivos: por não saber como, por não ter apoio e direcionamento por parte da liderança e, outras vezes, por não querer e não ser incentivada a fazer. John Piper e Wayne Grudem também tratam deste assunto e destacam algumas razões, como podemos conferir:
Primeira, os homens têm muitas vezes magoado as mulheres, tratando-as como cidadãos inferiores do reino; e alguns homens menosprezam ou ignoram a contribuição delas no ministério. (…) Uma razão para o atual movimento feminista é que algumas mulheres estão respondendo aos homens que as oprimem e as tratam mal. Segunda, as mulheres contemporâneas devem ser incentivadas pelas mulheres que, nas Escrituras, contribuíram para disseminar a mensagem do reino. (…) Nenhuma mulher que tem o desejo de servi-Lo deve sentir-se como se não houvesse lugar para o seu ministério na igreja.[2]
Então qual é o lugar da mulher na igreja local? Atualmente, é difícil conversar e interagir com objetivo de edificação mútua com outras mulheres na igreja; parece que o mais fácil mesmo é fazer parte de um grupo de whatsapp e mandar mensagens prontas e dizer “Bom dia!”, “Boa tarde!”, “Boa Noite!”, “Oi, tudo bem?”, “beijinhos”, “Você vai ficar bem”, “Deus está no controle”, “Não desista!” etc, (não que isso seja desprezível em si). Porém, ligar para marcar uma visita ou perguntar: Como está a sua vida espiritual? Você está passando por alguma dificuldade? Existe uma maneira em que eu possa lhe ajudar? Estar disposta a ouvir e fazer algo pela irmã se torna um pouco difícil e invasivo, pois exige uma resposta além de um sim ou não.
Por outro lado, o fato é que “engajar-se na igreja local traz muito mais alegria e muito mais desafios do que a interação por meio da tecnologia”.
Os dons que Deus concede às mulheres são presentes valiosos para serem usados na igreja, lar, trabalho, ou qualquer outro lugar. Podemos fazer mais que simplesmente responder com um emogi. Podemos nos envolver pessoalmente, uma a uma, oferecendo ajuda espiritual efetiva. Mas a dúvida permanece: Como? E Cindy Cochrun discorre:
Como mulheres, encontrar o nosso lugar na igreja local pode ser um desafio. Embora todo dom seja igualmente valioso dentro do corpo, o dom de Deus às mulheres se estende muito além de trocar fraldas e fazer café. (…) Também não devemos nos esquecer de buscar entre as mulheres maior diversidade de dons, perspectivas, sabedoria e experiência (…) O custo de negligenciar o talento das mulheres na igreja local é extenso. Não somente perderemos a beleza e a alegria de um corpo que funcione e seja saudável, mas lentamente a igreja também enfraquecerá. (…) Tanto uma jovem mãe com muitos vizinhos amigos quanto uma vereadora terão ideias valiosas para o compartilhar sobre evangelização em suas comunidades. Mulheres advogadas e corretoras de imóveis podem ser um grande trunfo em uma comissão de construção da igreja. A mulher com experiência na organização de associações de bairro em áreas economicamente desafiadora e a presidente do banco local podem oferecer sua experiência à congregação de várias maneiras. Muitas mulheres com dons de ensino serão chamadas a usar esses dons em todos os tipos de oportunidades biblicamente apropriadas.[3](grifo meu).
Como foi exposto, não importa a formação da mulher; ela poderá servir com eficácia no corpo de Cristo de diferentes maneiras. Porém, é de suma importância que ela conheça o evangelho, a fim de vivenciá-lo no seu cotidiano e dentro da igreja local, pois Cristo é o motivo e o foco de todo serviço.
ÁREAS EM QUE AS MULHERES PODERÃO SERVIR NA IGREJA LOCAL
Todo o projeto começa com oração pela busca de direcionamento do Espírito. As mulheres dispostas deverão levá-lo para a liderança da igreja para sua posterior implantação.
Baseadas em pesquisas feitas com líderes de três igrejas Batistas, sobre os trabalhos que são realizados somente com mulheres, seguem abaixo as sugestões:
• No ensino: dando aulas na EBD para crianças, para meninas, moças solteiras, jovens casadas, mulheres na meia idade e 3ª idade.
• Na liderança: organizando os treinamentos para mulheres em várias faixas etárias.
• No evangelismo: Treinando, distribuindo literatura, fazendo reuniões em casa com as vizinhas para ler a bíblia, Oficina de artes, se envolvendo com a vizinhança da igreja.
• No discipulado: ensinando sobre os princípios bíblicos, a vida de Jesus, orando e estimulando outras a terem uma vida devocional.
• Na assistência: generosidade com as famílias carentes, da igreja ou de pessoas próximas.
• Nas assembleias: secretariando e mantendo as atas em dia. (escribas)
• No louvor: adorando com sua voz e compromisso no coral ou conjuntos, ou mesmo tocando instrumentos e na projeção e arranjo das letras.
• No aconselhamento bíblico: ouvindo e prestando ajuda e consolando as aflitas.
• No grupo de leitura: organizando ou participando dos estudos de livros.
• Nos grupos de intercessão: Mulheres que oram pelos pedidos encaminhados a elas.
• Na cozinha: ajudando na preparação de almoço e confraternização.
• Nos encontros: Mensal, chá de cozinha, bebe, com estudo da palavra.
• No café da Manhã: as mulheres se reúnem, tomam café e compartilham da Palavra.
• No encontro com Jovens Mães com filhos pequenos: lerem um livro sobre como criar os filhos ou como servir a Deus nesta fase tão corrida da vida.
A lista não é exaustiva, mas os serviços citados serão em vão se não forem feitos com a motivação de levar as mulheres a conhecerem cada dia mais o Senhor Jesus e se preparem para o “grande dia” em que se encontrarão com ele, e permanecerem firmes – Hb 3.13-14(ARA).
Vanda Santos
[1]FURMAN, Glória e NIELSON, Kathleen. “Ministério de Mulheres”. Amando e servindo a igreja por meio da Palavra. São Paulo. Editora Fiel – 2015
[2]PIPER, John, GRUDEM,Wayne. “Homem e Mulher”. Seu papel bíblico no lar, na igreja e na sociedade. São Paulo. Editora Fiel. 1996
[3]FURMAN, Glória e NIELSON, Kathleen. “Ministério de Mulheres”. Amando e servindo a igreja por meio da Palavra. São Paulo. Editora Fiel. 2015.
Vanda Pires de Sant’ Anna Santos, formada em Teologia pelo Seminário Batista Logus em SP, trabalha há 10 anos no departamento de vendas da Editora Fiel, membro da Igreja Batista da Graça, onde atuou por vários anos como lider da União Feminina Missionária e Professora no Clube OANSE, para crianças. Casada há 33 anos com Valdir Santos, Pastor e Ministro de Música, mãe de 3 filhos, Sara Carolina, 32, casada, Jônatas, 29, casado, Allan, 25, solteiro, e avó do Vitor, de 2 anos.
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