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Morte na Língua, por pr. Dr. David Merkh




Nunca poderei me esquecer de como desmontei meu pai com seis palavras simples.  Eu tinha 17 anos, e meu relacionamento com meu pai não era nada bom.  Isso, devido a vários acontecimentos em casa que haviam congelado nossa amizade. Para ser bem honesto, havia perdido respeito por ele.  Mas nada justificava o que falei para ele.

Estávamos voltando de uma visita a uma faculdade em que eu havia me interessado.  Meu pai me acompanhou, e para a surpresa de ambos nós, o tempo passou sem atritos.  Parecia que a “guerra fria” estava aquecendo. Foi então que ele virou-se para mim e falou, “Filho, este tempo foi muito bom.  Foi bom demais.  Como gostei de estar com você nestes dias.” Sem pensar duas vezes, a amargura do meu coração escapou com toda a gentileza de uma picada de cascavel: “Não foi tão grande coisa, pai.”  Foi assim que o vento polar voltou mais uma vez, matando os primeiros sinais da primavera, e o relacionamento pai-filho regressou mais uma vez.

Você já reparou no poder das palavras para fazer bem ou mal?  Consegue se lembrar de uma vez em que você foi desmontado por uma palavra desgraçada?  Por outro lado, lembra-se de alguma vez em que alguém falou uma palavra de encorajamento que mudou toda a sua perspectiva de vida?

A Palavra de Deus nos adverte contra a destruição causada pela língua.  Ao mesmo tempo nos encoraja pelo potencial que esta mesma língua tem para transmitir vida e graça para pessoas desanimadas. 

A morte e a vida estão no poder da língua;

                                                         o que bem a utiliza come do seu fruto.

A língua serena é árvore de vida,

                                            mas a perversa quebranta o espírito  (Pv. 18:21, 15:4).

Precisamos reconhecer o poder das palavras e, pela graça de Deus, começar a domá-las e canalizá-las para serem instrumentos úteis nas mãos do Senhor.  De todos os lugares onde este conselho é sadio, nenhum é mais importante que o lar e o relacionamento pai-filho.

Certa vez um monge foi falar com seu supervisor para confessar o pecado de fofoca. “Pequei”, ele disse, “por espelhar um boato sobre fulano. O que  posso fazer agora para acertar a situação.”  

O líder daquele mosteiro olhou para seu discípulo e deu a seguinte ordem: “Vá para as casas da nossa vila, e colocar uma pena sobre  o portal de cada casa.  Depois volta para mim.” 

O jovem não entendeu, mas obedeceu.  No próximo dia voltou para seu chefe e disse,

“Fiz o que o senhor mandou.  Coloquei uma pena no portal de cada casa da vila.  E agora, o que faço?”. “Agora volta,  recolhe todas as penas e traga-as para mim” foi a resposta.

“Mas seria impossível!” exclamou o jovem monge. “Agora o vento já espelhou as penas para o mundo inteiro!”

“Exatamente” respondeu o ancião sábio. “É assim com as tuas palavras.  Já se espalharam para o mundo todo, e não há como recolhê-los.  Vá, e não peca mais.”

Quantas vezes eu já quis retirar uma palavra desgraçada momentos depois que saiu da minha boca!  Nunca consegui!  Aquela palavra caiu para terra como uma bomba nuclear,  destruindo e matando.  Às vezes os resultados destrutivos continuaram durante muito tempo. 

Provérbios nos alerta sobre este poder fatal da língua:

As palavras dos perversos são emboscadas para derramar sangue . . .(Pv. 12:6)

Contar mentiras sobre outra pessoa faz tanto mal a ela

quanto bater-lhe com um machado, ferir seu corpo com uma espada

ou uma flecha bem aguda.  (Pv. 25:18, Bíblia Viva)


Como, então, desativar esta bomba entre nossos lábios?  A resposta bíblica é de pesar nossas palavras, pensar sobre nossas palavras, e peneirar nossas palavras.  Em outras palavras, falar pouco e falar bem o que falamos:

Por nós mesmos isso será impossível.  Somos pecadores por natureza, e a tendência natural é de fofocar, resmungar, criticar, xingar, blasfemar.  Mas foi por isso que Jesus veio para este mundo– para resgatar a língua do homem.  Para fazer isso, precisava fazer um transplante–não da nossa língua, mas do nosso coração, pois  a língua só fala do que o coração está cheio.  A morte e a ressurreição de Jesus tiveram como alvo transformar o coração daqueles que depositam sua confiança (fé) nele (e só nele) para vida eterna.  O resultado deve ser uma transformação de vida, a começar com as raízes (o coração) até o fruto (a língua)!

Shakespeare comentou, “Quando palavras são raras, não são gastas em vão.”  Outro erudito disse: “Homens sábios falam porque têm algo para dizer; tolos, porque gostariam de falar algo. “Um ditado filipino aconselha, “Na boca fechada, não entra mosca.” Os árabes oferecem esta jóia de sabedoria: “Tome cuidado que sua língua não corte seu pescoço.”  Mas foi Salomão em Provérbios que primeiro nos aconselhou,

No muito falar não falta transgressão,

mas o que modera os seus lábios é prudente (Pv. 10:19)

Quem retém as palavras possui o conhecimento,

e o sereno de espírito é homem de inteligência.

Até o estulto, quando se cala, é tido por sábio,

e o que cerra os lábios por entendido.  (Pv. 17:27,28)

Em outras palavras, é melhor fechar sua boca e ser pensado um tolo, do que abrí-la, e tirar toda a dúvida! 

Graças a Deus que, anos mais tarde, ele reconiliou meu relacionamento com meu pai.  A primavera voltou, pela graça de Deus.  Mas foram muitos anos de inverno, gastos a toa.  Não entre “no frio”.  Cuide bem das suas palavras, jovem, especialmente em casa, onde as máscaras tendem a cair.  Deixe que Jesus viva sua vida através de você.  Afinal de contas, “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.”  (Pr 15:1).

Pr. Dr. David Merkh


Pr. Dr. David Merkh, natural dos Estados Unidos, é professor do Seminário Bíblico Palavra da Vida desde 1987, onde atua como coordenador do programa de Mestrado em Ministérios. Casado com Carol Sue desde 1982, o casal tem seis filhos. Pr. David (e sua esposa) são autores de 14 livros, todos publicados pela Editora Hagnos. 

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