“Até quando”? Você já se fez essa pergunta? Eu já! E não uma só vez, várias vezes! Confesso que, diante das últimas notícias de delações de corrupção por parte de nossos governantes, tenho repetido esta pergunta variadas vezes!!!
Sim, mais do que gostaríamos, nós brasileiros, sucessivamente temos sido acometidos por intempéries que paulatinamente nos abatem o espírito e gradativamente esgotam nossa capacidade de agir a respeito. E aí, dos lugares mais profundos da alma insurge um grito: Até quando?
O rei Davi expressa essa experiência de uma forma poética que só ele mesmo poderia fazê-lo. O Salmo 13, tem 6 versos e é dividido em três partes, cada qual com 2 versos.
Nos dois primeiros versos, Davi pergunta 4 vezes: “Até quando”? Não se sabe exatamente o que provocava tanta angústia ao escritor. Talvez um adversário que, maquiavelicamente, astutamente e cuidadosamente intentava o mal contra o salmista. O fato é que a pergunta “até quando?” expressa poeticamente o estado de espírito do escritor que é marcado pelo abatimento, cansaço emocional e desesperança.
É nesse estado de fragilidade de espírito que Davi se dirigiu a Deus e expressou o seu sentimento de solidão (vs. 1a), de abandono (vs. 1b), de amargura (vs. 2a) e incapacidade (vs. 2b). Eu gosto de Davi! Isso porque ele não tinha problemas em demonstrar sua humanidade e, consequentemente, toda a sua fragilidade.
Bem, a história não acaba aí! E que bom por isso! Davi nesse momento de esgotamento emocional volta os seus olhos para Deus e Lhe dirige uma oração que é marcada por três verbos: atenta, responde e ilumina.
É incrível! Em momentos de fragilidade emocional o que geralmente fazemos é depreciar a vida, esconjurar aqueles que estão ao nosso redor e responsabilizar a Deus. Entretanto, Davi reconhece sua fragilidade e a submete aos cuidados do Senhor. Nesses três verbos eu vejo alguém humildemente se aproximando do Pai e dizendo: “Senhor, minhas forças estão totalmente esgotadas, portanto, eu espero unicamente em Ti, atenta, responde e me ilumina”.
A partir de então, na última parte do salmo 13, os versos 5 e 6 expressam um grito diferente ecoando pelas cordas vocais do salmista: “confio”, “regozije-se” e “cantarei”.
O que aconteceu? O que mudou em Davi? O que o fez passar de um estado de espírito marcado pela aflição e desesperança, para este repleto de alegria e esperança?
A resposta está no fato de que em sincera oração diante de Deus, Davi encontrou-se com o Bom Pastor do Salmo 23; não Aquele Deus distante e desinteressado do começo do salmo 13, mas um Deus Gracioso, Salvador e Benigno (vs 5,6).
Da janela da minha sala eu vejo o nascer do sol e seus raios iluminando um maravilhoso Ipê roxo que não conseguia percebê-lo durante a madrugada. Da mesma forma, assim como Davi, no meio da aflição, clamo à alegria dos homens, Jesus, e Ele me faz ver a beleza do cuidado do Pai por mim, mesmo em meio às angustias!
“Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5:7).
Pr. Nelson Galvão
Sola Scriptura
Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP.
É pastor interino da Igreja Batista Sião (São José dos Campos-SP) e atua como diretor acadêmico do ministério Pregue a Palavra.
Atua ainda como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.
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