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O espinho na carne e eu, por Bianca Bonassi Ribeiro



Já ouvi e li algumas mensagens e comentários sobre o “espinho na carne” e minha intenção não é propor mais um estudo sobre o tema. Pelo contrário, esse texto é uma mistura de confissão e reflexão. O objetivo é enxergar o cotidiano pelas lentes da Palavra de Deus. Oro para que você perceba como Deus trabalha em todas as coisas para o bem daqueles que foram chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28).

Algum tempo atrás, durante o almoço de domingo e com a mesa cheia de familiares, um de meus sobrinhos fez as seguintes perguntas: “vocês sabiam que Paulo teve um espinho na carne e Deus não tirou? Será que o espinho ficou lá até ele morrer?” Ao mesmo tempo em que falava também fazia, em seu rosto, uma expressão de dor (acredito que ele tenha pensado literalmente num espinho).

Na mesma época, não me lembro se um pouco antes ou depois, durante uma crise de enxaqueca e enquanto pegava os meus remédios, um de meus filhos perguntou: “Por que você tem tanta dor de cabeça?”. Minha resposta imediata foi: “Porque esse é o meu espinho na carne e me faz lembrar que eu preciso desesperadamente do meu Salvador.” Imediatamente ele complementou: “Ah, tá! O seu remédio!” Soltei uma risada e disse: “Não! Meu Salvador Jesus. Mas, os remédios são uma benção!”

Desde a adolescência me lembro de ter enxaqueca, ao longo dos anos as dores pioraram e já tentei muitos tratamentos que se mostraram ineficientes. O último foi um fiasco total. Mas, graças a Deus pelos medicamentos que aliviam a dor!

Provavelmente, esse espinho na carne vai me acompanhar enquanto eu estiver nesse mundo. Sendo assim, minha pergunta tem sido: “O que posso aprender com ele?”

Quando Paulo escreveu para os cristãos de Corinto, ele mencionou que o espinho na carne tinha lhe sido dado para evitar que ele se tornasse arrogante (2 Cor 12.7 NVT).

Mas, o que poderia levar Paulo a ser arrogante? A resposta está nos versículos de 2 Coríntios 12. 1-4. Por alguma razão especial, Deus escolheu Paulo para ser arrebatado até o terceiro céu, ao paraíso, onde ele ouviu coisas maravilhosas, que não podem ser expressas em palavras e que nenhum homem tem permissão de falar. Essa experiência foi usada para desenvolver seu ministério, suportar as provações (que no caso dele foram muitas) e crescer em santidade, dependência e conhecimento de Deus. Ao mesmo tempo, por ter sido alvo de tamanha graça e por ter uma natureza pecaminosa, como todos nós, o espinho na carne se tornou um lembrete de que ele precisava desesperadamente de seu Salvador. Tudo o que ele fazia e dizia não era mérito dele, mas graça abundante de seu Salvador.

Paulo era um homem de Deus e depois de sua conversão ele desenvolveu um trabalho incrível que nos alcança até hoje. Mesmo assim, ele precisava de um espinho na carne. Na mesma carta ele já havia mencionado que somos vasos frágeis de barro, porque assim fica evidente que o grande poder vem de Deus, e não de nós (2 Cor 4. 7).

Todo cristão que cresce em santidade percebe que Deus vai multiplicando seus talentos, que sua vida pode ser usada para a glória D’Ele, onde quer que esteja. Justamente por isso é necessário um espinho na carne.

No entanto, o que é um espinho na carne? Particularmente fico fascinada com a criatividade de Deus e sua metodologia de ensino. Ele usou uma figura de linguagem, uma metáfora. Deus sabia que todo cristão comprometido em servi-lo precisaria de um espinho na carne. Não se tratava de falar da vida de Paulo, mas da vida de cada um de nós. Outro ponto interessante, um espinho na carne é algo que afeta diretamente o corpo, a natureza humana e caída. E, se você já teve uma farpa no dedo sabe o quanto incomoda e todo o esforço para retira-lo é em vão. Como se não bastasse todo o incomodo causado pelo espinho na carne, a Palavra de Deus revela que ele também é usado por Satanás, que sabe que a nossa natureza humana quando está frágil é mais suscetível ao pecado.

Na segunda parte do versículo de 2 Coríntios 12.7, Paulo revela que lhe foi dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para atormentá-lo e impedir qualquer arrogância. Em geral, diante da dor temos a tendência de cair em pecado e quando caímos, nos relembramos de que somos vasos de barro e que precisamos do perdão de nosso Salvador. Também somos lembrados de que os nossos talentos, bem como as nossas obras ocorrem por meio do Espírito Santo que atua em nós e nos capacita.

Durante as minhas crises de enxaqueca, o meu espinho na carne, a minha luta contra o pecado da ira é muito mais difícil. Justamente nesses dias as coisas não ocorrem como planejado, algo resolve quebrar, travar, recebo uma crítica, ou os filhos dão mais trabalho, a rotina da casa fica atrasada etc. Podem aparecer várias circunstâncias que atuam como mensageiros de Satanás. Tudo porque não consigo usar a minha cabeça como gostaria e somado a isso há uma dor terrível.

A minha cabeça (mente) é a parte do corpo que eu mais gosto de usar e, também, onde tenho sido usada por Deus. Mas, de um tempo para cá, a cada crise de enxaqueca (que ocorre pelo menos 1 vez por semana) tento trazer à mente de que esse é um mecanismo de Deus para evitar que eu me torne arrogante. Assim, não esqueço de que o que sou ou tenho não passa de um vaso frágil de barro.

Paulo, suplicou três vezes para que o Senhor Deus, removesse o espinho na carne dele. Confesso que fui muito mais insistente, por anos pedi a Deus um tratamento que curasse a minha enxaqueca. Interessante notar que a resposta tanto para Paulo quanto para mim foi a mesma:

Minha graça é tudo de que você precisa. Meu poder opera melhor na fraqueza (2Cor 12.9a NVT – grifo meu).

Sendo assim, se eu não tivesse um espinho na carne eu jamais teria escrito esse artigo. Portanto, louvado seja Deus!

E, quanto a você, qual é o seu espinho na carne?

Bianca Bonassi Ribeiro –



Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia. Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas












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