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Qual o valor da Teologia? por Nelson Galvão



Vivemos na era da morte da razão (nas palavras de Francis Schaffer). Isso significa que o tempo influenciado pela racionalidade iluminista terminou. Agora está no palco a espiritualidade. Crer em alguma coisa. É a era existencialista, onde a experiência, o sentimento é o que importa. A famosa frase do francês Rene Descartes: “Cogito ergo sun”, (Penso, logo existo), hoje é dita: “Ego, ergo sun” (sinto, logo existo).

Acompanhando essa tendência, no meio evangélico do Brasil atual a Palavra de Deus é colocada de lado e a autoridade máxima são as experiências, sonhos, visões, sentimentos. Outro dia conversei com alguém e expliquei que, à luz da Palavra de Deus, a atitude dela era pecaminosa. Ela me respondeu que embora a Palavra de Deus assim afirmasse, ela tinha um sentimento forte no coração (e entendia que isso vinha de Deus) de que sua atitude era a correta.

Por outro lado, o que é execrado e tido como não espiritual é: estudo, teologia, averiguação. Assim, entende-se que “Teologia” é para sujeitos sem fé, aqueles barbudos insensíveis à realidade humana que passam horas a fio trancados em seu mundinho do escritório!!!

Outro dia um certo líder me abordou dizendo que devemos tomar cuidado com o estudo, pois está escrito: “A letra mata, mas o Espírito vivifica” !!!!(fazendo uma intepretação equivocada de 2 Co 3.6).

O que a Bíblia tem a dizer sobre isso? Em Romanos, Paulo afirma que Deus se manifesta a todo homem através das coisas que foram criadas (Rm 1.19). Assim, diante dessa revelção de Deus, todos fazemos teologia. Toda reflexão a respeito do cosmos, da existência, do ser humano, do trabalho, casamento, etc, que relaciona-se à uma divindade é teologia. Nesse sentido todos somos teólogos!

Entretanto, existem teologias e teologias. Existe a verdadeira e a falsa. Nesse texto de Romanos, Paulo continua e afirma que o homem “troca a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal” (Rm 1.23). A teologia falsa nasce do coração corrompido do homem. A rebeldia humana contra o Criador distorce a verdadeira teologia e a adapta conforme o seu bel prazer.

A 1ª carta de João foi escrita aproximadamente em 85 d.C, a uma igreja (ou a igrejas) na Ásia, em que falsos profetas e falsos ensinos haviam aparecido e feito progresso (1 Jo 2.18,19; 4.1).

Nos tempos da carta de João, os falsos mestres se inclinavam a um docetismo antinomianista. O que é isso? Os Docetistas (aqui está a teologia errada) negavam a encarnação de Cristo (1 Jo 2.22-26; 4.1-3). Segundo estes, Cristo não foi plenamente encarnado, pois a matéria é intrinsecamente má. Os Antinomianistas (aqui está a vida cristã errada) reivindicavam íntima comunhão com o Pai (1.5-10); alegavam que seus atos não afetavam sua relação com Deus (1.5-10); advogavam um estilo de vida moralmente frouxo (3.4-10); tinham uma atitude de superioridade com base num conhecimento supostamente mais profundo, que os levava a uma atitude de desprezo para com os não-iniciados na confraria esotérica (4.20-21).

Perceba: teologia errada resultou em vida cristã errada. É diante disso que João escreve sua primeira carta e afirma: A verdadeira fé em Cristo resulta na verdadeira comunhão com Deus e na verdadeira vida Cristã.

Através da 1ª carta de João entendemos que Teologia correta relaciona-se com vida cristã correta e Teologia errada em vida cristã errada.

Quando me refiro à Teologia, não falo do mero ascentimento intelectual a um conjunto de doutrinas religiosas, mas da compreensão piedosa da revelação de Deus, compreensão esta que é possibilitada por meio da regeneração. A verdadeira teologia resulta em verdadeira vida cristã. Assim, concordo com a citação de Frankin Ferreira:

O professor G. C. Berkouwer da Universidade Livre de Amsterdã certa vez observou numa aula, ‘Senhores, todos os grandes teólogos começam e terminam a sua obra com uma doxologia![1]

São muitos os casos de pessoas que têm uma teologia errada e sofrem as consequências em seu dia a dia. Conheço homens que não usam bermuda, nem em casa, porque isso afetaria a sua “santidade”! Conheço alguém que passou anos sem tomar refrigerante porque fez um voto com Deus (a saúde dela agradece, mas a teologia…). Sei de inúmeros pais que educam seus filhos de forma libertina, ou de forma legalista, ambas as formas sem levar em conta o Evangelho. Quantas e quantas pessoas estão escravizadas por teologias que afirmam a salvação pelo esforço humano.

Sendo assim, cabe aqui uma reflexão:

1. A sua teologia é verdadeira? É fruto de estudo diário e sistemático da Palavra de Deus?

2. A sua teologia está alicerçada na Palavra de Deus ou em experiências místicas?

3. A sua teologia te leva a uma vida cristã piedosa, de continuo aperfeiçoamento, por meio da graça manifesta em Cristo?

4. A sua teologia justifica sua vida de pecado afirmando que Deus é amor e te aceita como você é?


Sendo assim, quero incentivá-lo a voltar-se à Palavra de Deus. Que as Escrituras formem sua teologia a fim de que você tenha uma vida cristã plena. Estude a Bíblia e não apenas a leia. Leia livros e frequente cursos que creiam na Bíblia como Palavra de Deus e o ajude a interpretá-la de forma correta. Crie ocasiões na sua família de estudo bíblico. Frequente mais grupos de estudo bíblico em sua igreja (se não tiver forme um), estudo de livros da Bíblia e não revistas de escola dominical.

Rejeite o hábito de buscar a vontade de Deus através de visões, profecias, sonhos. Isso é mais paganismo do que cristianismo (confira o texto de Bruce Waltke aqui: O que significa buscar a vontade de Deus?). Rejeite programações cujo enfoque é o entretenimento, ou a “comunhão”. Precisamos de menos churrascos, menos futebol, menos vídeo-games, menos entretenimento e mais, muito mais da Palavra de Deus.

Pr. Nelson Galvão

Sola Escriptura

[1] In Franklin Ferreira. Teologia Sistemática. Vida Nova. p. 3




 

Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 


Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.


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