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O que você tem na mão?

Atualizado: 25 de jul. de 2019

por Bianca Bonassi |


Provavelmente sua vida está caminhando dentro de uma rotina diária. E muitas vezes não nos damos conta de que nossas atividades e responsabilidades fazem parte de um Plano maior, definido por Deus. Sendo assim, esse artigo tem o objetivo de revisitar uma pergunta antiga: O que você tem na mão? A resposta surge a partir de uma profunda reflexão na Palavra de Deus e em como Ele nos capacita a viver em todas as esferas da vida.


Essa pergunta foi feita por Deus a Moisés, quando ele tinha mais ou menos 80 anos de idade. Moisés tinha vivido 40 anos na corte do faraó do Egito e tinha sido educado num lugar onde o ensino era excelente, na época, ele também tinha se tornado poderoso em palavras e ações (At 7.22). Mas, por uma série de razões apresentadas no capítulo 2 do livro de Êxodo, Moisés fugiu para o deserto. Lá, ele permaneceu por mais 40 anos, passou a ter uma vida comum, casou-se e tornou-se pastor de um rebanho que não era seu. Dia a após dia cuidava desse rebanho no deserto, peregrinando de um lado para outro. Note o que a Palavra de Deus relata:


Certo dia, Moisés estava cuidando do rebanho de seu sogro, Jetro, sacerdote de Midiã. Ele levou o rebanho para o deserto e chegou ao Sinai, o monte de Deus. Ali, o anjo do Senhor lhe apareceu no fogo que ardia no meio de um arbusto. Moisés olhou admirado, pois embora o arbusto estivesse envolto em chamas, o fogo não o consumia. “Que coisa espantosa!”, pensou ele. Por que o fogo não consome o arbusto? Preciso ver isso de perto”. Quando o Senhor viu Moisés se aproximar para observar melhor, Deus o chamou do meio do arbusto: Moisés! Moisés! (Êx 3.1-4 – grifo meu).


Esse texto apresenta o início da nova etapa de vida-carreira de Moisés, tempo esse que duraria mais 40 anos. Em outras palavras, aos 80 anos ele daria início em mais uma mudança de vida-carreira! Nessa história, alguns pontos me chamam atenção:


a) Deus deixou Moisés se formar como pastor de um rebanho que não era seu por um período que, humanamente, é considerado muito longo – 40 anos.


b) A estratégia de Deus, para marcar a mudança na “carreira” de Moisés, foi fantástica. Deus aguçou a curiosidade de Moisés e desafiou seu conhecimento. Moisés ficou admirado diante de um fenômeno físico- químico incomum, ou seja, pela lógica da ciência, um arbusto em chamas, deveria ser consumido pelo fogo, algo que não estava acontecendo e ele precisava conferir.


c) A partir do momento que Deus viu que Moisés se aproximou, ou seja, demonstrou interesse por entender o mistério, Deus o chamou.


No entanto, ao invés de explicar o fenômeno incomum do arbusto em chamas, Deus primeiro se identifica como Deus (Êx 3. 5-6), depois revela que tem visto a opressão de seu povo e ouvido o seu clamor. Na sequência, Deus revela que desceu para libertá-los do poder do inimigo e levá-los para uma terra fértil e espaçosa (Êx 3. 7-8). Após dizer tudo isso, Deus dá uma ordem a Moisés: “Agora vá, pois eu o envio ao faraó. Você deve tirar meu povo, Israel, do Egito” (Êx 3.10).


A reação de Moisés foi muito própria de um ser humano que conhece suas limitações e pequenez diante de tarefas gigantes e impensáveis: “Quem sou eu para me apresentar ao faraó? Quem sou eu para tirar o povo de Israel do Egito?” (Êx 3.11). Na visão de Moisés, esse seria um fenômeno tão incomum quanto um arbusto em chamas não ser consumido, ou seja, impossível!


Porém, Deus pacientemente diz que estaria com Moisés e que eles (Moisés + povo de Israel) o adorariam naquele mesmo monte (Êx 3.12). Deus, em sua bondade e no intuito de transmitir segurança a Moisés, revela o que iria acontecer até a libertação do povo, conforme descrito nos versos 14 a 22 do capítulo 3 de Êxodo. Ainda assim, Moisés não se vê como o instrumento de Deus para tamanha obra, ele foca apenas no cenário desfavorável: “E se não acreditarem em mim ou não quiserem me ouvir? E se disserem: O Senhor nunca lhe apareceu?” (Êx 4.1). Mais uma vez, Deus, ao invés de responder a pergunta de Moisés faz com que ele use o raciocínio, a lógica:



Então o Senhor lhe perguntou: “O que você tem na mão?” “Uma vara”, respondeu Moisés (Êx 4.2 – grifo meu). Neste momento, Deus começou mostrar para Moisés que a vida dele tinha sido preparada para essa obra, aparentemente impossível. Deus havia planejado usar o que Moisés tinha na mão, uma vara, ferramenta típica de um pastor daquela época. Algo que Moisés sabia manusear, trabalhar, usar muito bem, porque ele tinha feito uso constante por longos 40 anos e continuaria a ser parte de sua nova função.


A vara e o cajado eram instrumentos típicos de quem cuidava de rebanhos. Entretanto, a vara geralmente era utilizada como instrumento de defesa diante de inimigos do rebanho, tais como ursos, lobos e outros animais que quisessem fazer mal ou atacar. Dessa forma, o pastor usava a vara para ao mesmo tempo proteger o rebanho, bem como mostrar seu poder diante dos inimigos. E foi com esse


instrumento de trabalho, que Deus operou muitos impossíveis diante dos inimigos egípcios e do povo de Israel.


Primeiro, Deus mostrou o impossível em particular, pois Moisés deveria confiar que Ele havia planejado usar o que tinha em sua mão. Ao comando de Deus, Moisés jogou a vara no chão e ela se transformou numa serpente, que ele, com medo, precisou pegá-la pela cauda (Êx 4. 3-4).


Segundo, Deus ordenou que Moisés levasse a vara com ele e que a usasse para fazer os sinais (Êx 4.17). Não era intenção de Deus, que Moisés mudasse de vida-carreira desconsiderando seu passado como pastor de rebanhos. Por outro lado, Moisés reconheceu que a vara não era dele, pois quando partiu rumo à sua nova vida-carreira ele “levava na mão a vara de Deus” (Êx 4.20b). De certa forma,


Moisés continuaria pastor, porém, o rebanho a ser conduzido tratava-se do povo de Deus.


Terceiro, a vara foi usada como parte do juízo de Deus junto aos egípcios em vários momentos, a saber:



a) Diante do faraó, a vara se transformou numa serpente que engoliu as serpentes dos magos do Egito (Êx 7.10 e 12);


b) Quando vara foi estendida diante do faraó, a água dos rios, canais, açudes e reservatórios se transformaram em sangue (Êx 7.20);


c) As rãs invadiram o Egito quando a vara foi estendida sob o comando de Deus (Êx 8.5-6);


d) Ao estender e bater a vara no chão, o pó se transformou em piolhos que infestaram toda a terra e cobriram os egípcios e seus animais (Êx 8. 17);


e) Quando Moisés estendeu a vara em direção ao céu, o Senhor enviou uma terrível tempestade de granizo como nunca tinha acontecido antes na história do Egito (Êx 9. 23-24);


f) Moisés estendeu a vara sobre a terra do Egito e o Senhor fez surgir uma nuvem de gafanhotos que destruiu toda a vegetação que havia restado depois da chuva de granizo (Êx 10. 13-15);



g) Ao chegaram diante do Mar Vermelho, perseguidos pelo exército do faraó, Deus ordenou que Moisés pegasse sua vara e estendesse a mão sobre o mar. Com isso o mar se dividiu em dois e o povo atravessou por terra seca (Êx 14. 15-30).


A vara foi usada para mostrar o poder de Deus diante dos inimigos e para contemplação e proteção do povo escolhido, que poderosamente foi liberto da escravidão.


O mesmo Deus daquela época continua a nos perguntar: “O que você tem na mão?”. Ele quer usar nossa vida, talentos, formação, treinamentos e demais conhecimentos como uma “vara” que dá sinais da graça, juízo e poder de Deus.


Deus nos dá o privilégio de fazermos parte, de colaborarmos com as obras D’Ele, certos de que o impossível é Ele quem opera, para que a glória seja D’Ele e não nossa.


Certamente, Deus está nos chamando para realizar uma obra incomum (estudos, mudança de cidade ou emprego, casamento, maternidade, missões, etc), que como Moisés, muitas vezes não nos sentimos aptos. No entanto, Deus sabe o que faz e desenhou nossas vidas, perdoando erros, vibrando com os acertos, para que hoje desempenhemos a vida-carreira que Ele planejou. Lembrando de que nunca é tarde demais para mudar e viver novos desafios, se esta for a vontade de Deus. Que a nossa confiança não esteja em nós mesmos.

. Bianca Bonassi Ribeiro – Março/2019


Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.

Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas

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